quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Genegro

Gemido de negro
Não é poema
é revolta
é xingamento
É abismar-se

Gemido de negro
é pedrada na fronte de quem espia e ri
É pau de guatambu no lombo de quem mandou
dar

Gemido de negro
é acampamento de sem-terra no cerrado
É punho que se fecha em black power

Gemido de negro
é insulto
é palavrão ecoado na senzala
É o motim a morte do capitão

Gemido de negro
é a (re)volta da nau para o Nilo

Gemido de negro…
Quem tá gemendo?

(Miriam Alves - Antologia da poesia negra brasileira: o negro em versos, 2005)

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