sexta-feira, 3 de abril de 2015

Akangatu

desbravo o enigma
dos 13 ciclos lunares
que se escondem
no caracol vertebral

- a gestação lacrimeja
no totem da origem -

rompo auroras
com o puro rito
da saudação em brados
evocando os ancestrais

- estrondo no carimbó
reverências à Jaci -


Araci empluma
a coroa da humildade
no meu torpe Ori
de Caboclo Rompe Mato

na terra batida
risco o ponto com a Jurema
assentando o axé
num chororô eclesiástico

- intuição germinada
pelas violetas de Júpiter -

os xamãs caçadores
dos olhos etéreos
e arcos flamejantes
entoam a lavoura

macero na cuia
o que da morte
não carrego
para o corpo átmico

- concretização amável
do fascínio sinfônico
conjurado pelo Trono
que restaura o ânimo -

defumo a vertigem
que desequilibra
minha encorporação
atando a glória

- congrego-me à Gaia -

saúdo Oxóssi
com o pujante frenesi
de caçador lancinado

Algiz renasce
na potência mestiça
do meu bravio luzeiro
de valor incalculável.

(Bruno Bossolan)

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