domingo, 22 de fevereiro de 2015

Quando eu morrer

Não quero! Tenho horror que a sepultura
mude em vermes meu corpo enregelado.
Se no fogo viveu minha alma pura,
quero, morto, meu corpo calcinado.

Depois de ser em cinzas transformado,
lancem-me ao vento, ao seio da natura…
Quero viver no espaço ilimitado,
no mar, na terra, na celeste altura.

E talvez no teu seio, ó virgem linda,
tão branco como o seio da virtude,
eu, feito em cinzas, me introduza ainda.

E no teu coração, pequeno e forte,
(ó gozo triste!) viva eu na morte,
já que na vida lá viver não pude!

(Caetano da Costa Alegre - poeta são-tomense)

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