sábado, 21 de fevereiro de 2015

Na mata

Andando na mata
o caçador me flechou
Ponta funda e franjada chegou à alma

Arrancar, separar, descolar
foram verbos vãos e cruéis que articulam dor
Recuei
Desespero, impotência, sobressaltos
Peito borbulhando em sangue, nem o rio me valeu
Pensei
Menos mágoa é deixar que vá se soltando
nas águas implacáveis do tempo
Vencerei
Correnteza, banho de cachoeira, folhas
orações, canções de fé
Suspirei
Só me valeu a mão do caçador
puxando a ponta da flecha sem misericórdia
Sangrei
Na beira do rio tive que olhar nos olhos
quem me curou, quem me feriu
Chorei

(Daniela Luciana Silva - Ogum's Toques Negros: Coletânea Poética, 2014, p. 59)

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