quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

As saubaras invisíveis

A memória é redundante: repete os
símbolos para que a cidade comece
a existir.
Ítalo Calvino

Chega-se a Saubara pelo caminho do mar.
Às velas, barcas velhas velejam rumo à baía.
Viagem de gentes, trapos, mercadorias,
Odores repelentes que recendem tumbeiros
Travessia de longínquas noites
(Aquela viagem era uma eternidade!)
que ao vento cabia a tarefa de um porto feliz.
Chega-se a Saubara por via de muitos rios
Do rio para o mangue, do mangue-rio para o mar.
Caminhos do leva-e-traz mercantil
Ao porto de amaros negócios
Percurso de antigos navegantes
Fundadores do eterno dar-se saubarense
Desbravadores de restos da flora e fauna do lugar.
Chega-se, finalmente, a Saubara pelo primado da fé.
Seus marujos e rezadeiras procuram, há muito,
o caminho da salvação.
Seus filhos e netos, há pouco, descobriram outros caminhos...
Procuram, pela novidade alheia, desesperadamente,
outra cidade inventar.
Os perseguidores da fé a tudo ver B oram choram
(A São Domingos que é de Gusmão que nos vele@)
as chamas das velas revelam.

(Jônatas Conceição - Cadernos Negros, os melhores poemas)

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