quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Poema armado

Que o poema venha cantando
ao ritmo contagiante do batuque
um canto quente de força,
coragem, afeto, união
Que o poema venha carregado
de amarguras, dores,
mágoas, medos,
feridas, fomes...
Que o poema venha armado
e metralhe a sangue-frio
palavras flamejantes de revoltas
palavras prenhes de serras e punhais...
Que o poema venha alicerçado
e traga em suas bases
palavras tijolantes,
pontos cimentantes,
portas, chaves, tetos, muros
E construa solidamente
uma fortaleza de fé
naqueles que engordam
o exército dos desesperados
Para que nenhuma fera
não mais galgue escadas
à custa de necessidades iludidas...
E nem mais se sustente
com carne, suor e sangue
dum povo emparedado e sugado
nos engenhos da exploração!

(Oubi Inaê Kibuko - Cadernos Negros, os melhores poemas)

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